segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
Rodrigo
Quando te vejo a dormir assim sinto um amor transbordante, gostava de parar o tempo, ou de te parar a ti, assim, para sempre. Talvez não para sempre, porque quero ver-te crescer, mas ter um comando que me deixasse voltar a este tempo e ter-te assim sempre que a saudade apertasse.
Era essa a posição que tinhas na minha barriga e a tua entrega dá-me a falsa sensação que consigo proteger-te agora como te protegia dentro do meu ventre.Tu entregas-te como se eu conseguisse e eu vou passar toda a minha vida a tentar fazê-lo. Dá-me uma vontade de poder viver todos os teus dias menos um. Estar sempre por perto para te aplaudir, para te apanhar e levantar, para te sorrir e amar.
Pedes-me para dormir na minha cama e cada dia que passa está mais perto o dia em que não mais vais pedir isso e cada vez fica mais difícil negar. Também precisas de saber te sentir completo sozinho, não precisares da muleta da mãe ou do pai para te sentires seguro. Mas quem consegue resistir? "Podemos fazer conchinha? Chega para cá! Cabemos os dois na mesma almofada!" Dormes encaixado em mim, agarrado ao meu pijama, nesta mesma posição, e emanas o calor de uma forma mágica como só as crianças sabem fazer. E eu fico lá, estátua, a ver-te dormir, de lábios entreabertos com o ar quente e húmido da tua respiração a bater-me na cara, até que o cansaço de um dia de brincadeira me leva também para mundos de sonhos roxos e de algodão doce.
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